2006-05-27

Esta musica tem um enorme poder revigorante...

2006-05-26

«A vida para lá do Mundial

Contra a corrente e sujeitos a arrasadores juízos aqui ficarão registadas, recusando uma mais cómoda deserção à questão, algumas reflexões sobre o clima de emotividade sem limites que tem vindo a ser criado em torno da participação no Mundial de Futebol.
A pandemia informativa que parece ter contagiado os principais meios de comunicação social, a programada promoção de exaltação nacional por parte de importantes grupos financeiros traduzida na «desinteressada» distribuição de ícones ou os disparatados apelos por parte do seleccionador nacional não só não encontram explicação nos limites do interesse desportivo como invadem deliberadamente o domínio da vida do país.
O Mundial da Alemanha de Junho próximo deixou, por determinação de alguns, de constituir um momento de festa de um desporto eminentemente popular, arrebatador e apaixonante, para se assumir como uma oportunidade para, explorando o gosto pelo futebol, se transformar num acontecimento capaz de desviar a atenção do país, dos seus dramas e problemas. A legítima expectativa e o desejo genuíno de milhões de portugueses de verem a sua selecção alcançar uma classificação positiva está a dae lugar, pela engenhosa manipulação desse sentimento, a um apelo a um nacionalismo sem conteúdo e sem sentido.
Olhando à nossa volta dificilmente se concluiria que em Junho o que decorrerá na Alemanha é tão só um torneio de futebol envolvendo 32 equipas, representando igual número de selecções nacionais do todos os continentes, em busca da melhor classificação desportiva. Pelo que, dito isto, se deva acrescentar que a aspiração a um bom resultado, fundada na qualidade dos nossos jogadores mas também na expressão de apoio à equipa do nosso país, é inteiramente legítima. O que já não o seria era ver esse compreensível desejo de um desempenho desportivo positivo transformado em escrutínio e avaliação de capacidade nacional.
Em Junho não se decide o futuro do país. Seja qual for a classificação. Nem a inebriante perspectiva da conqista do título fará de Portugal o mais desenvolvido país do mundo nem uma menos bem sucedida participação desportiva nos tornará pior do que somos enquanto nação.
Um Junho não se decide da nossa afirmação nacional. Sejam quais forem os resultados o futuro de Portugal enquanto nação livre e soberana não se joga ali, mas sim na nossa política externa, na não submissão a estratégias e objectivos de países terceiros, na afirmação de uma política ditada pelo interesse nacional.
E por último, mas não menos importante, depois de Junho, seja qual for o resultado, o país real cá estará com os seus problemas. Tão menos agravados quanto, não nos deixando distrair, se puder ver a vida para além de uns quantos jogos de futebol e se continuar a resistir ao que todos os dias a política do actual governo e a acção do grande patronato nos vai reservando.»

Jorge Cordeiro, Jornal «Avante!»
25 de Maio de 2006

Não, não sou a única! Felizmente...

«O Virús

(...) Posto isto e os factos, sobejam motivos para temer que o País esteja de novo a incubar essa estranha doença que à falta de melhor podemos designar por febre nacional-futebolística, que deixa os pacientes em estado de euforia e alienação colectiva antes de mergulharem em profunda depressão, seja qual for o resultado da Selecção, mal o campeonato chegue ao fim.
O governo de Sócrates, tal como os seus congéneres por esse mundo fora, não só estimula como cavalga a onda do vírus «desvortivo», fazendo de conta que é sinónimo de confiança, sinal de retoma, demonstração de sucesso. Com os espíritos entretidos com o futebol (e com as touradas e os fados e os casinos e as galas e os festivais... que infestam o dia a dia televisivo a lembrar cada vez mais as programações do fascismo), é de esperar que não sobre muito tempo para o «resto».
O encerramento de empresas e o desemprego ficarão ao recato de manchetes, tal como as 100 000 crianças em risco existentes em Portugal, o assalto à Segurança Social, o aumento da idade de reforma, a liquidação do Serviço Nacional de Saúde, do direito à educação, à habitação condigna, etc., etc., etc..
Cá como no resto do mundo, a hora é de futebol e de exploração de gente mais ou menos bem intencionada. Enquanto isso, como há tempos revelou a Unicef, no Brasil - paradigmático exemplo de samba/fado e futebol - uma criança morre a cada cinco minutos, na maioria dos casos de fome. O correspondente a dois "Boeings 737" de crianças mortas por dia. Sem direito a estádios, nem cobertura televisiva, nem bispos, nem registo no Guiness.»

Anabela Fino, Jornal «Avante!»
25 de Maio de 2006

2006-05-25

E ainda me vêm com patriotismos!

Estágio Selecção: custos do alojamento

182 mil euros (pouco mais de 36 mil contos), é o valor total, a preços de tabela, do alojamento da comitiva da Selecção de Futebol (mais de 50 pessoas), no Hotel do Espinheiro. Neste caso os responsáveis do Hotel decidiram efectuar um desconto de 34%.
Assim, a factura final será de 120.000 euros (pouco mais de 24.000 contos), sendo paga por várias entidades: FPF, 30 mil euros; Câmara Municipal de Évora, 30 mil euros; Agência de Promoção Turística do Alentejo, 20 mil euros e Fundação Eugénio de Almeida, 40 mil euros.

A notícia completa poderá ser lida no Correio da Manhã.

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Mas a minha escola continua sem um quadro electrico que suporte a colocação de aquecedores nas salas de aulas porque a Câmara Municipal de Évora "não tem dinheiro". Mas o que é que interessa se passamos frio no inverno ou que estejamos na aula de inglês e o quadro da sala comece a arder? Quem se importa?

Ando farta desta canalha!
Levantem os cornos da palha!!!

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si